15/11/2009

novembro 15, 2009
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Olhou para trás
como se dissesse adeus,
porque era adeus que dizia.

Enxugou as lágrimas
com aqueles dedos delicados
e sorriu como se chorasse.

Olhou o chão fixamente;
firmemente para o que não estava lá.
Sorriu chorando soluçante,
disse adeus com a voz trêmula,
e sussurrou um até logo
com voz de nunca mais.

Deu-lhe as costas
que lhe bateram na cara encharcada,
e deslizou para um mundo que não era o seu,
distante dos seus dedos que,
naquele momento,
moviam-se esquizofrênicos,

deixando-lhe a lembrança daquele rosto
partindo entre seus olhos naufragados,
a boca engasgada
e as pernas enrijecidas
pela angustia da agonia.



In: Lial, William. O mundo de vidro. Fortaleza: Imprece, 2005.
Imagem: Caspar David Friedrich (1774 – 1840), The Wanderer above the Mists,1817-18.

12 comentários :

  1. Olá William
    Gosto Muito dos poemas deste teu livro,linda publicação,linda imagem,parabéns!
    Boas energias!
    Mari

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  2. Fanny, obrigado pela visita, e que bom que gostou.

    Um beijo, menina!


    Mari, Mari, Mari, como está menina? Obrigado por vir aqui.

    Um beijo!

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  3. William,

    Ainda engatinho como fã de poesia, estou aprendendo a avsorvê-las, seni-las, mas gostei muito, é muito bonita.

    Grande abraço.

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  4. Menino gênio,
    venho sempre,leio sempre,só não tenho tido tempo de comenta-los,após 180 dias de saga,creio que em breve estará tudo bem.Obrigada
    beijos
    Mari

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  5. Luciano, obrigado por procurar gostar lendo o que escrevo. E que bom que gostou.

    Um abraço!


    Mari, torço muito por você, menina bonita, e acredito que em breve tudo estará bem.

    Um beijo!

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  6. ADOREI ! Incrível como você transmite sentimentos ao leitor! Abraços Sylvia R

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  7. E, transportada para o momento do adeus, chorei...
    Lindo!

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  8. Arlene, uma resposta poética. Gostei!

    É bom quando nos transportamos para o universo da poesia quando lemos. O texto faz todo o sentido, e somos outro, sendo nós mesmos nesse momento.

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  9. Oi Lial,

    Lindo esse seu poema. Falou-me muito. Dizer adeus é tão dif'icil, tão imposs'ivel as vezes que o dizemos como se estivéssemos dizendo outra coisa, ou dizemos outra coisa apenas; fazemos o gesto da partida como se fosse um outro gesto qualquer, mas sabemos.

    Gosto qdo sinto num poema, vivência (e qdo consigo me identificar a minha maneira).

    Beijos afetuosos,

    Cybèle
    PS gosto muito do seu blog, mas como acontece com vc, o tempo corre atràs de mim e eu atràs dele, ou seja, minha vida està um corre- corre danado, é a 'unica razão por eu vir menos aqui. Bjs.

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  10. Obrigado, Cybèle, pela constante visita.

    E sim, dizemos adeus como gesto que pouco sentimos sua profundidade, apesar de, no fundo, sabermos o que é.

    Um beijo carinhoso!

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