18/01/2008

janeiro 18, 2008
A literatura entrou muito cedo na minha vida, precisamente aos oito anos de idade, quando participei de um concurso de poesia promovido pelo colégio onde eu estudava. Ganhei o concurso, e nunca mais parei de escrever, nem de ler. Lembro-me que nessa época eu andava pelos corredores do colégio – e outros corredores quaisquer – a ler tudo o que estivesse fixado nas paredes, nos flanerógrafos, panfletinhos no chão, mensagens em muros, bula de remédio – devo ser uma das únicas pessoas que lêem bula de remédio. Livros naquela época – anos oitenta – eram difíceis de conseguir, não por falta de lugares onde encontrá-los, mas por falta de dinheiro; então lia o que encontrava.

O que mais escrevia eram versos: poemas, melancólicos, alguns rebeldes, muitos tristes, solitários – recheei caixas de poemas e romances inacabados pela vida toda; aos dezesseis anos já eram centenas de poemas e vários protótipos de romances e contos escritos.

O tempo foi passando, passando, e eu escrevendo, escrevendo... Daí, entrei para a faculdade de Letras/Literatura; era a única que me interessava, não pela gramática, mas pela ligação com a Literatura - e hoje tenho mestrado em Literatura Comparada.

Logo depois passei a escrever, como colaborador, para o jornal da minha cidade, O Povo, a pedido de seu presidente, que apostava em mim. Meus textos lá, no jornal, tiveram boa audiência, o que me deu coragem para lançar o meu primeiro livro de poemas: Sombras. Nesse período também passei a escrever para o site da TV Verdes Mares, veiculada a Rede Globo. Para esse site escrevia crônicas, e essas crônicas me proporcionavam momentos engraçados como o de ouvir pessoas conversando comigo sobre mim mesmo, sem saber que eu era eu – deu para entender? A melhor parte era quando me perguntavam: “Você já leu esse autor? Você o conhece?”, “Sim. Muito bem”, “Ele é bom não é?”, “Espero que seja”, “Por quê? Tem algo contra ele?”, “Não, não tenho. É que já que ele sou eu, é melhor que seja bom o que escrevo, senão eu paro”. Isso aconteceu algumas vezes, o que me divertiu muito; me diverte até hoje quando alguém fala de mim para mim mesmo, por não saber quem sou eu. Isso ocorre por que sempre mostrei pouco o meu rosto, preferindo mostrar os textos. Hoje me deixo aparecer um pouco mais – um pouco.

Quando essas conversas comigo, sobre mim, começaram eu estava lançando Noturno, meu segundo livro de poemas. Havia na época alguns contos e outros romances abandonados, mas nada que justificasse colocá-los em livro. Era o momento dos versos. E os meus leitores aumentavam, os meus versos se espalhavam, aparecendo em lugares como o Jornal de Poesia, onde há uma página dedicada a mim – mas isso não é privilégio meu, há páginas lá para vários escritores –, e a primeira aula foi dada sobre um livro meu numa faculdade. Assisti a essa primeira. Foi engraçado ver alunos discutindo meu trabalho na minha frente. Mas não assisti mais outras aulas; não era tão engraçado assim.

O mundo de vidro, terceiro livro de poemas, veio pouco tempo depois. Com esse vi meus textos aparecerem ainda mais em vários sites e blogs da internet – o poema “À mesa” foi a maior vítima de Ctrl C + Ctrl V desse livro. Mas outros também se ressaltaram, e, com o crescente reconhecimento, acabei escrevendo para outros lugares, como o site Cronópios, a Sociedade dos Poetas Advogados e a organização mundial de artistas, com sede na Espanha, Sane Society – para essas duas últimas fui convidado. Tudo isso teve como grande benefício, além do prazer de escrever para eles, a possibilidade de levar meus textos mais longe, da alcançar mais pessoas, o que ocorreu, e ocorre.

Agora estou publicando o meu quarto livro, Genealogia de outono, o último livro de poemas, por um tempo, por que também estou com um romance pronto, prestes a ser publicado, e mais outros dois começados – é a vez dos romances. É a vez dos romances, sim, e esses são bem diferentes dos meus poemas; meus versos são melancólicos, minha prosa não. Nos meus romances deixo que flua um toque de humor no comportamento dos personagens, personagens que nos deixam conhecer seus pensamentos mais íntimos e delirantes, mais escabrosos e divertidos, mais lúdicos e loucos; é outro mundo. Mas deixemos essa conversa para depois. Ainda é cedo para isso. Agora é a vez de Genealogia de outono correr. Não vamos obstruí-lo; deixemos que corra.

Por fim, só me resta agradecer a todos que me acompanham durante todo esse tempo, e aos que me acompanham há pouco tempo e aos que me acompanharam daqui por diante: obrigado a todos! E encerremos por aqui, por que o mais vem depois.

Vamos aos textos que é o que interessa.
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