11/11/2009

novembro 11, 2009
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Best Sellers, Best Sellers... Nome bonito. Mas a beleza do nome nem sempre é refletida na beleza do livro. Muitas vezes os Best Sellers não tem beleza nenhuma. Na verdade, a grande maioria deles são extremamente fracos, e vendem muito talvez por que coisas ruins sempre vendam mais que coisas boas ― há exemplo disso tanto na música como na literatura ―, talvez por que as pessoas andem carentes e precisem de coisas fáceis que as façam sentir protegidas, talvez por que dizem tudo o que elas já sabem e queriam ouvir outro dizendo, talvez por que o nível cultural das nações esteja cada dia mais baixo ― apesar dos países de primeiro mundo continuarem com suas poses de grandes culturas quando, na verdade, mentem, como os ingleses que, segundo pesquisa deles mesmos, constantemente não leram os livros que dizem ter lido, e lêem bem menos que costumam pregar ―, talvez por que o apelo de venda destes Best Sellers seja tão grande que convencem aos mais fracos de que não podem ficar sem eles; enfim, seja qual for o motivo, não é um bom motivo. Melhor seria ler algo que realmente o interessa, que ao ler a sinopse se sinta convidado ― ao ler a sinopse e não o apelo publicitário. Você deve querer me perguntar, Você nunca ler Best Sellers? Leio, leio quando me parecem bons. Há sempre exceções, mas não leio por que é um Best Seller, Best Seller não é sinônimo de Grande Livro, mas de, apenas, muito vendido. O nome da rosa(1) foi um Best Seller, contudo, é um grande livro. Sidarta(2) foi um Best Seller, mas é um grande livro, assim como Cem anos de solidão(3), Ensaio sobre a cegueira(4) e tantos outros. Mas ultimamente não é esse tipo de literatura que anda em evidência como um Best Seller, mas uma de nível duvidoso, baixo, que flerta constantemente com a auto-ajuda ― quando não é a auto-ajuda propriamente dita. Ando repetindo demais a palavra Best Seller? Vou tentar não repetir mais. Isso pode ser chato, eu sei, mas quero dar ênfase ao que digo, ora. Mais chato é você ficar me lembrando disso, afinal eu sou o escritor, eu decido o que é conveniente no momento. Deixe-me continuar, por favor. O que quero deixar claro é que muito vendido não é sinal de muito bom. Não, não é. Temos exemplos em algumas cantoras pop mundiais que fazem sucesso há anos, vendendo milhões de discos, mas nunca souberam cantar. Até mesmo no Brasil temos exemplos de músicos famosos que enchem casas de shows, mas não sabem cantar ou tocar bem seus instrumentos; ou mesmo escritores famosos, que vendem bastante por aqui, e pelo mundo, mas que escrevem muito mal, fabricam metáforas ridículas, convencendo apenas o público carente de uma boa formação intelectual que, infelizmente é grande, e julga estar se enchendo de sabedoria ao ler esses autores. Eu sei, todos têm o direito de escolher o que ler, claro que sim, mas o que vejo é que o comércio está escolhendo por eles. Que tal darem uma chance aos autores menos óbvios? Eles podem se surpreender. Bem, eu prefiro os meus autores menos lidos e mais honestos. E não esqueçamos que o tempo passa rápido, por isso não vale à pena desperdiçá-lo com algo que pode nos transformar num alienado cultural e social. É melhor decidirmos o que ler por nós mesmos ou por uma dica de alguém que julgamos competente para nos apresentar um bom texto. Que tal lermos uma sinopse, ante de um recado publicitário e decidir sozinho se queremos ou não ler aquele texto? O comércio é o comércio, nós sabemos.




Imagem: Adrià Gòdia é um ilustrador e escultor espanhol, nascido em Barcelona (Catalunha), em 1977. É ganhador de inúmeros prêmios por seus trabalhos de ilustração, como: Lazarillo, em 2004, No último dia do outono, SM internacional de ilustração, em 2004 e Prêmio Nacional de Ilustração, em 2001.

(1) ECO, Umberto. O nome da rosa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983.
(2) HESSE, Hermann. Sidarta. 42ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2001.
(3) GARCIA MÁRQUEZ, Gabriel. Cem anos de solidão. 52ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2002.
(4) SARAMAGO, José. Ensaio sobre a cegueira. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

8 comentários :

  1. William,

    Concordo em gênero, número e grau. Cada vez mais sucesso de público tem menos a ver com qualidade: os campeões de Ibope são medíocres, os cantores que mais vendem são um fracasso, e os livros então nem se fala. Procure um autor clássico numa livraria e vão te oferecer o mais novo gênio do mercado literário, é sério, aconteceu isso comigo.

    A cada dia que passa as pessoas parecem mais alienadas. One será que vamos parar?

    Belo post, abraço.

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  2. É isso mesmo, Luciano. E quando encontramos vendedores que nem sequer conhecem o verdadeiros clássicos. Uma vez procurei por Graciliano Ramos e a vendedora me perguntou como se escrevia o nome dele. É de matar!

    Obrigado pela leitura, meu querido!

    Um abraço!

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  3. William com m... que saudades.. passei por aqui pra ver o que vc anda pensando... ainda nao comecei a disfrutar do meu presente por causa da correria aqui... mas já já farei isso...
    Concordo com tudo o que vc escreveu, embora sonhe em ser uma uma bestselling pra vender muito e viver na mordomia... que sonho mais piegas kkkkkkkkkkk

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  4. Fernanda, é muito bom receber notícias suas. Não é piegas sonhar em ser uma bestselling e viver na mordomia - quantos não devem sonhar como isso?! Acredito que você será boa nessa área (rs!). Obrigado por passar por aqui, menina bonita.

    Um beijo!

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  5. Bom artigo, William, que vem ao encontro do que penso. Antigamente (cof cof) adorava entrar em uma livraria e queria comprar tudo. Hoje nada do que vejo ali me atrai, provavelmente encontrarei mais livros interessantes em um sebo ou biblioteca.

    As livrarias hoje parece que só vendem a lista da Veja, e quase tudo ali é auto-ajuda. Triste...

    Grande abraço!

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  6. Cristine,

    É verdade, as livrarias estão assim. A única forma que está nos sobrando para comprar livros de boa qualidade é através das livrarias na internet, já que, nesse caso, elas possuem um catálogo mais diversificado.

    Obrigado por vir aqui.

    Um abraço, menina!

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  7. Oi, Lial!
    Que bom que me visitou, que legal sermos colegas de Cronópios, quisera eu ser permanente.
    Participo apenas, o Pipol é muito gentil comigo!
    Seu espaço aqui é ótimo, hein!
    Beijo!

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  8. Larissa,

    Obrigado a você por vir aqui. Seja bem vinda. Coloco aqui meus poemas e minhas crônicas metidas a engraçadas, se isso agradou a você, fico feliz, rs!

    Um beijo, menina!

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