Poucos amaram a dor como eu amei,
poucos se regozijaram como eu me regozijei,
poucos se deliciaram com o calor como eu me deliciei,
poucos sentiram o desejo como eu senti,
poucos beberam olhares sedentos como eu bebi,
poucos repousaram sobre seios esplêndidos como eu repousei,
poucos foram senhores do seu céu como eu fui,
poucos se apaixonaram como eu me apaixonei,
poucos abraçaram cada segundo da vida como eu abracei,
poucos idolatraram o instante como eu idolatrei,
poucos beijaram o fenecer errante como eu...
como eu beijei.
Poema extraído do meu livro Noturno, Ed. Imprece, 2003, p. 72.
Imagem: Gustave Courbet, O homem ferido (L'homme blessé), 1844-54.
Beleza, William. Eu poderia declamar esse poema como se fosse meu, menos o primeiro verso. Não sei como se pode amar a dor.
ResponderExcluirW. J. Solha
William, eu logo reconheci o poema que havia lido no seu livro "Noturno". Aquele que eu disse querer que não terminasse nunca a gostosa leitura. Belíssimo!
ResponderExcluirAbraços! Sonia Salim
Obrigado, Sonia.
ResponderExcluirQuero mais leitoras como você.
Um abraço agradecido!
Solha,
ResponderExcluirQue bom que se identificou. Quanto a amar a dor, é uma forma de respeitá-la, é a revelação de alguém que degustou cada momento da sua vida, não deixando que nada passasse longe dos sentidos; alimentou-se de cada sensação como parte sua, de fato, aprendendo, vivendo.
Obrigado por vir aqui.
Um abraço, meu querido!
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