25/07/2011

julho 25, 2011
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Ontem avistei brumas negras
debruçando-se sobre a lápide fria
do último imperador
do meu mundo perfeito.

Vi bailarinos irônicos
e madonas cantoras
a esbofetearem o ar
com suas vozes vibrantes,
numa grande récita de humor negro.

Senti seus perfumes lascivos
exalados dos seus seios e quadris
de curvas exageradas;

antes de ler, escrito na lápide
que me bateu na cara
como um alfarrábio esquecido,
o meu nome sujo e frio.


Pintura: Casper David Friedrich (1774-1840), Cemitério do convento coberto de neve (Klosterfriedhof im Schnee), 1817-1819.
In: Lial, William. O mundo de vidro. Fortaleza: Imprece, 2005. p. 66.


2 comentários :

  1. Perfeito.
    Não canso de ler. A sensação é que fui eu que escrevi, tamanha a minha identificação com esse poema.

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  2. Arlene, sempre gosto muito quando alguém que me ler tem essa sensação de posse, de identificação com um texto meu.

    É bom se identificar com um texto assim, e como você tem o livro em casa com esse poema, pode tê-lo à mão quando quiser.

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