06/04/2007

abril 06, 2007
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Antônio Bandeira, Cabeça, 1947.

Algumas vezes esqueço a dor que me assola,
Algumas vezes lamento a vida que não tenho,
Algumas vezes lamento a vida que tenho,
Algumas vezes acredito ser a dor que me apavora,

Algumas vezes olho para o passado e o vejo medonho,
Algumas vezes não quero acreditar que fui aquele...
Algumas vezes tenho medo de ainda ser o mesmo,
Algumas vezes tento acreditar que esse alvitre é um sonho,

Algumas vezes tenho vergonha de sentir-me assim,
Algumas vezes digo que vou parar de lamentar meu mundo,
Algumas vezes escondo meu rosto do espelho que me procura,
Algumas vezes quero chorar e fugir de mim.



In: William Lial. Noturno. Fortaleza: Imprece, 2003.

3 comentários :

  1. Lindo ,chocante ,é a eterna insatisfação humana,me tocou profundamente.Parabens pela sua capacidade de atngir os outros de uma maneira tão bela .

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  2. Algumas vezes procuro as palavras certas, que não digo...
    Algumas vezes encontramos as palavras certas,mas que os outros nos dizem.

    Parabéns!
    Marcelo.

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  3. Minha poesia é bem diferente da minha prosa - crônica e romance -, que você deve ter conhecido primeiro, sou quase dois heterônimos - isso sem falar dos meus ensaios -, mas todos escrevo com a mesma entrega, e fico sempre feliz quando gostam.

    Obrigado, Marcelo!

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