20/01/2009

janeiro 20, 2009
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― Hihihihi, eu sabia que tu tava variano, homi. Onde foi que já se viu, cumputadô acabar com o praneta por causa de gás, hihihihi, só tu mermo, Genaro, só tu mermo, hihihihi.

― Vai encher o saco da tua mãe!

― Respeita a minha mãe, diabo!

― Ah, vai pra lá, pralá! O que é que tu sabe de tequinorogia?

― Hihihi, num sabe nem falar, tequinorogia, hihihihi, donde foi que tu tirou essa palava, homi? Num é assim que fala não, diacho!

― Ah não? Então cuma é, sabichona?

― Ora, é tequinolorogia.

―Aaaaaaaaahaaaahaaaahaha, tu tá ficano doida é, aaaahahaha, tequinolorogia!

― É sim, é sim, bicho besta! É tequinorologia.

― Aaaaaahahahahaha, já disse diferente, ahahahaha, oh diabo de muié doida, toda metida a sabe tudo, Eu sei, eu sei, e num sabe de nada; ora vai pentear macaco com escova de dente!

― Bicho grosso!

― Ah vai vai lambê sabão!

― Vai tu,doidin do cumputadô. Fica aí desligano o cumputadô pra num puluí o praneta, pra num puluí por que a máquina solta pum, e agora descobriu que era tudo exagero. Bem feito, besta! Sabe o que é que tu é, Genaro, tu é doido, doidim da Silva dos Santos.

― Muié, para de me torrar o saco, diacho! O homi tinha dito que matava o praneta entonse eu desliguei.

― E era tudo conversa, bicho besta.

― E eu sabia, sabia? Qué sabê, esses cintificistas são tudo é maluquim das idéia, tudo pertubado, bando de disocupado, parece que num tem o que fazê. Nunca mais eu credito nesse mangote de doido.

― Hihihihi!

― O que é que tu ainda tá rino aí, sua lesada?

― Tô rino de tu, besta!

― Oia muier, te dô um cocorote que tu cai com as venta no chão.

― Que dá cocorote que nada! Eu vô é colocá a panela no fogo que é mio.

― Ah, vai mermo, vai!

― Diabo de homi abestado. Agora o cumputadô vai ficar parado; quem é que sabe ligá aqueles fio tudo? Eu é que num vô dá nó na minha cabeça com isso. Eu? Nam!

Pobre do Genaro, achando que estava salvando o planeta, cumprindo com seu dever de cidadão do mundo, cuidando dos gases, e era tudo exagero. Genaro, agora, se sente humilhado. Já sua mulher, essa descobriu uma nova diversão: debochar do pobre do marido desiludido. “Mas afinal o que foi que aconteceu, William?” você me pergunta, “Por que o Genaro está sofrendo deboche da Jefrésia?” É simples: depois das declarações do pesquisador de Harvard, Wissner-Gross – descritas no meu post anterior –, sobre os gases de CO2 emitidos pelos equipamentos de pesquisa do Google, o mundo ficou assustado, e então, muitos, pesquisadores ou não, vieram em socorro do Google, como o próprio Google, para mostrar outra versão dos fatos. Aqui no Brasil também houve repercussão, Maurício Moraes da revista Info, deu sua declaração sobre o ocorrido:

“As notícias sobre o impacto do Google no meio ambiente foram muito exageradas. Acredite: fazer buscas pelo serviço só ajuda a preservar o planeta, não o contrário. O alerta disparado no início da semana (...) só serviu para projetar na mídia o pesquisador da Universidade Harvard Alex Wissner-Gross.”

O motivo de Maurício dizer que as pesquisas no Google só ajudam a preservar o planeta é que, com a informatização e a velocidade das pesquisas na internet, se economiza muito com papel, com telefone, por não precisar mais ligar para os colegas de trabalho para marcar as pesquisas, passagens, combustível etc., ou seja, não é mais necessário, como nos anos oitenta, fazer uso de tantos artifícios para se encontrar o que procura, consumindo mais energia que hoje através do Google.

Mas o que ocorreu após as declarações do homem de Harvard? Ocorreu que a comunidade científica torceu o nariz para ele, dizendo que seus dados não faziam sentido, “Doido! Esse homem está completamente doido!”, “É um demente, insano!”, “Deve ter sido pago pelo atual namorado da ex-namorada de um dos presidentes do Google, por ciúme, só por ciúme do ex da namorada”, “Queria aparecer, queria aparecer!”, “Quer aparecer? Sai de cueca na rua plantando bananeira, com uma jáca amarrada na cabeça, cantando “Babalu” e dançando “Can-can”, “Nojento!”. Tudo bem, na verdade nenhum cientista deve ter dito isso; o que é uma pena, seria muito mais divertido.

― Está bem, engraçadinho, mas e o Wissner-Gross, o que ele fez?

Quem foi? Ouvi agora um “come cru” aí do outro lado me apressar (detesto pessoas sem senso de humor que ficam me apressando). Mas esqueçamos o chato da pergunta e vamos em frente: Wissner-Gross, para livrar a sua barra, culpou o The Times, para quem havia dado a entrevista, dizendo “Eu jamais disse isso!”. Posso até imaginar a cara dele, “Eu? Eu não, eu jamais disse isso. Vocês estão loucos, distorceram as minhas palavras, inventaram tudo! Eu sou inocente, eu sou inocente, eu juro, eu juro! Juro pela alma de Napoleão!”. Sinceramente! Essa discussão está parecendo Denorex: “parece mais não é”. Lembram disso? Não? Vocês também!

― Mas e o Google, o que ele disse, William? O que ele disse? Vamos logo eu tenho mais o que fazer! ― o chato outra vez.

Se você tiver calma, e me deixar terminar de contar o ocorrido, saberá. Bem. É claro que o Google não ficaria calado, e não ficou; em seu blog oficial, o Vice President Senior de Operações, com um nome que dá nó na língua, Urs Hölzle, disse:

“In terms of greenhouse gases, one Google search is equivalent to about 0.2 grams of CO2. The current EU standard for tailpipe emissions calls for 140 grams of CO2 per kilometer driven, but most cars don't reach that level yet. Thus, the average car driven for one kilometer (0.6 miles for those in the U.S.) produces as many greenhouse gases as a thousand Google searches.”

Em suma, a emissão de gases do Google está muito abaixo do padrão atual da União Européia de emissões, e que o que os carros emitem de CO2, em média, para um quilômetro percorrido, equivale a mil buscas no Google (o que faz do buscador um anjo puro diante os automóveis – essa frase é minha).

Mais adiante o Google também disse que suas buscas são rápidas e por isso economiza muita energia, e que em 2008 “investiu $ 45 milhões em descobertas de tecnologias de energia limpa”. Com isso a empresa quer dizer que faz a sua parte na proteção ao planeta.

Todas essas declarações contra as palavras do “moço” de Harvard, deixaram muitos Nerds Techno maníacos mais calmos, felizes por poderem continuar cheirando o gasinho que sai das entranhas de seu computador sem serem acusados de destruírem o planeta. Mas e você, está mais tranqüilo? Conseguiu ler este texto inteiro sem medo de seu computador destruir o mundo? Pois é, pode ficar mais despreocupado, você não está poluindo tanto quanto começava a imaginar, a não ser... bem, a não ser pelo seu carro, sua cafeteira elétrica, seu churrasco, seu laquê, as queimadas, o feijão que comem, e principalmente, pela criação de vacas, as grandes poluidores do planeta; por isso eu como carne vermelha, temos que acabar com os bovinos flatulentos. Aliás, ainda estou devendo a vocês um texto sobre as vacas poluidoras. Falarei em breve sobre isso, mas, por hora, chega de gases, já estou até com o nariz irritado.

― Até que fim! Pensei que não iria mais acabar com este texto! ― olha o chato aí de novo.




Imagem: reunião de logo do Google para o Earth Day.

9 comentários :

  1. Adorei! Genaro e Jefrésia já tem uma caricatura própria, cada um? Se não tiverem, vale providenciar, são ótimos personagens da vida reaR "pra ixpricá as coisa que nóis sabi mais o menus".

    No post anterior me limitei apenas ao conteúdo do Google, mas expandindo o assunto, como no texto da "defesa" que eu também li na íntegra, é tudo relativo: ambas as partes se defendem, maaaaaaaas há muito mais o que dizer em termos de poluição. As buscas são mais rápidas? E a "parafernália" de equipamentos que estão sendo usados para isso, por que ninguém tocou no assunto??? Será que pensam que é só um microchip? E saindo do Google, vamos pras ruas e culpamos os carros, mas e nos mares, rios, oceanos?? A Petrobrás virou uma Deusa por patrocinar atletas e por isso, abafa o que ela "apronta" em nossas águas, né?? O ciclo do CO2 está só começando. Ai, ai... Melhor parar por aqui, foi só um petisco do assunto que ainda vai dar pano pra manga(avisa o Genaro que esta manga não é fruta, tá? kkkkkkk)!

    Um abraço.
    Marcelo.

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  2. Olá William!
    Pesquei seu blog no do curso de Letras da Fazu, li, gostei e por isso adicionei ao meu como seguidora. Espero que não se importe, quero acompanhar esses personagens. Você escreve muito bem, adoro ler e sesu textos são bons mesmo!
    Obrigada!
    Fé e paz:)

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  3. Concordo em absoluto.

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  4. Depois dos esclarecimentos desse texto,acho que já poderei pensar novamente em filiar-me ao Green Peace...
    Adorei seus textos,eles são de uma comicidade elegante!!!

    beijos e te linkarei

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  5. Marcelo, ainda não fiz uma caricatura deles, mas estou providenciando. Genaro e Jefrésia agradecem o carinho.

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  6. Larissa, obrigado pela visita e por seguir esse blog, que bom que me encontrou. Obrigado também pelos elogios, fico muito feliz que goste do que escrevo, uma vez ou outra esse casal aparecerá por aqui, ele e outros personagens que gostam de dar o ar da graça em meio aos meus textos.

    Um beijo, menina!

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  7. Marcia, que bom que voltou aqui. Gostei muito de saber que achar meus textos "de uma comicidade elegante!!!", principalmente vindo de alguém que escreve tão bem.

    Um grande beijo, menina bonita.

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  8. Gostei da idéia do desenho dos personagens, creio que nos aproximaria ainda mais dos dois birrentos rsrs. Mas sugiro uma breve trégua entre o casal, que tal uni-los em um assunto comemorativo, tipo o aniversário do autor? Ah William deixa ao menos eles cantarem parabéns. Please, faz eles fazerem as pazes,vai, em nome da paz mundial rsrs!!!

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  9. Tudo bem, Maria, vou pensar se os deixarei participar do meu aniversário; quanto às pazes, aí é com eles. Mas garanto que existem coisas mais românticas que eles fazem longe dos holofotes bem diferentes de brigas.

    Um beijo, menina!

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