Aprendi uma coisa ainda quando publicava o meu primeiro livro, muitos anos atrás: quem torna público algum texto seu, seja arte, seja apenas a sua opinião sobre algo, deve estar ciente que poderá ouvir opiniões contrárias ao que expôs. Se publica um livro, saiba que nem todas as críticas serão positivas, se dá a sua opinião sobre algo, saiba que nem todos concordarão com você. Isso é vital para uma socialização sadia, e não falsa.
Não se vive plenamente se não pode expressar o que pensa. Entretanto, tenho percebido certo melindre entre alguns escritores – sejam escritores propriamente ditos, sejam apenas aqueles que escrevem por prazer em jornais, revistas, sites e blogs da internet. São coisas como: um leitor manifesta sua opinião sobre algo, por exemplo, o seu desacordo com uma opinião ou prazer demonstrado pelo proprietário de um site, blog ou revista, e este, sentindo-se ofendido, simplesmente por que não consegue aceitar que o outro não goste das coisas que ele gosta, como o tipo de música, literatura, cinema etc., age com revolta e demonstra estar ferido no seu ego inflado:
― Ai, você me ofendeu, seu bruto! ― diz o sensível. ― Não quero mais que você me leia, se não sabe elogiar um trabalho brilhante não vem ler.
Bem, se não quer ser correr o risco de contradito evite manifestar suas opiniões em púbico, e depois ficar em casa ruminando o fato de que nem todos gostam do que você gosta:
― Por que ele falou aquilo? Eu gosto tanto desse negócio, por que ele odeia, por quê? Aquele mal educado, grosseiro, acho que vou contar tudo para a mamãe, ele vai ver, vai ver! Mamãe, mamãe!
― O que foi meu filhinho, o que foi?
― Mamãezinha, um abestado disse no meu blog que não gostava da Mulher Fruticosa, disse que era um absurdo coisas desse tipo fazerem sucesso.
― Foi, meu filho?!
― Foi, mamãezinha, eu quero dar uns murros nele, mamãe. Deixa eu bater nele, deixa, mamãe!
― Mas na última vez que você tentou bater em alguém torceu a munheca, meu filhinho, lembra? Era seu primo de doze anos. Ele disse que você não era bonito e você acertou um soco no ombro dele; ele riu e você torceu a munheca.
― É verdade, mamãezinha, mas ele teve sorte. Eu também só tinha vinte anos naquela época, agora já tenho trinta e cinco, sou mais homem.
― É verdade (quem me dera!).
― O que disse, mamãe?
― Nada meu amorzinho, nada!
Já tive notícias de internautas, jornalistas e escritores que foram destratados apenas por que manifestaram opiniões contrárias a do autor de um post. Será que esses senhores, mau tratadores sensíveis, não se lembram daquela expressão, já tão surrada e batida: "Quem está na chuva é para se molhar?". Caso se lembrem, por que não se molham de uma vez?
Imagem: Oswald Goeldi. Sem título, Circa 1935. (Goldi é desenhista, gravador, professor e ilustrador brasileiro, conhecido em todo o mundo. Alguns de seus desenhos estão nas capas dos livros de Dostoiévski, lançados pela editora 34).
William,
ResponderExcluirDelicioso texto,pertinente e genial!
beijo grande,menino gênio.
Mari
Mari, Mari,
ResponderExcluirNão faça isso, menina bonita, não me chame de menino gênio, tenho coração mole e posso me apaixonar (rsss!).
Obrigado por vir aqui e, ainda por cima, como se fosse pouco, me elogiar.
Um grande beijo!