16/05/2010

maio 16, 2010
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Na Austrália, um ladrão foi preso em fragrante por uma liga de Super-Heróis. Exatamente! Uma liga de Super-Heróis. Eu sei, você é daqueles que não acreditam em Super-Heróis, acha que é tudo coisa de gibi, cinema, que não passam de histórias infantis para ludibriar a meninada. Está enganado. Ah, coitado! Como você está enganado. Os Super-Heróis existem e estão aqui para nos proteger. E foi exatamente o que fizeram alguns numa loja australiana.

Era um dia importante para Michael Baulderstone, proprietário de uma loja de quadrinhos em Adelaide, Austrália. Ele, assim como todos os clientes na sua loja, estava caracterizado como um Super-Herói, no seu caso, o Homem-Aranha. O motivo das fantasias era a comemoração do Free Comic Book Day. Mas essa comemoração tornou-se mais emocionante do que o esperado, porque, em meio ao evento, Baulderstone ― naquele dia identidade secreta do Homem-Aranha ― percebeu um homem de comportamento suspeito no seu estabelecimento. E o que o tornava ainda mais suspeito era o fato do sujeito ser do contra, ou seja, não estar fantasiado como os outros presentes ali. Contudo, dono de grande perícia e controle emocional, típico apenas dos Grandes Super-Heróis, nosso homem não abordou de imediato o possível meliante, pois provavelmente pensou antes: “Não vou fazer nada agora, meu 'sentido aranha' me diz que tenho que esperar o momento certo para saltar sobre ele ou ejetar uma de minhas maravilhosas teias”. Pensamento que ficou bem claro no seu depoimento ao jornal “The times”: "Meu sentido-aranha estava latejando", disse ele. Como certeza havia um grande latejamento ali. E por fim nosso aracnídeo suspeitou que o meliante havia acabado de se apoderar de uma edição da revista X-Man Omnibus, avaliada em 160 dólares australianos (aproximadamente R$ 250,00). Isso foi a gota d’água para o nosso Herói. Entretanto, ainda sob a influência de seu discernimento aranha, não tomou nenhuma atitude brusca, para não assustar o criminoso, preferiu segui-lo pela loja, e no momento certo o abordou dizendo ― num tom típico de grandes Super-Heróis, escolhendo bem as palavras que mais intimidariam o marginal:

― Tudo bem aí, mã?!* ― se não foi isso, foi parecido; pelo que eu soube.

É claro que o meliante mal pôde controlar os nervos quando ouviu tais palavras e se viu diante daquele Super-Herói destemido que se agigantava na sua frente com os seus 1,69 cm de altura e seus 57 kg de pura coragem (essas são as medidas declaradas pelo Herói). Assim, após essa grandiosa frase de efeito, nosso Homem-Aranha tomou a mochila do marginal, com toda a destreza que lhe era costumeira, e lá encontrou a revista que havia sido surrupiada. Sua reação foi uma mistura de indignação, pelo furto, e gozo pela certeza de seu sentido-aranha não ter falhado. E toda essa miscigenação de sentimentos pôde ser traduzida com a série de frases de efeito que nosso Herói proferiu contra o bandido nesse momento tão intenso. Disse ele:

― Beísso, mã?!** Tu num tem vergonha não, abestado?! Macho, eu só não te injeto o meu veneno-aranha aqui por que eu sou um Super-Herói responsável, macho, senão tu ia ver, tu ia ver!!! ― se não foi isso, repito, foi quase; pelo que eu soube, claro.

Quanta supremacia. Mas é assim que as coisas são, um Grande Super-Herói jamais é grande apenas em seus poderes, também é grande nas palavras. Com certeza, toda essa excepcional loquacidade feriu intimamente a alma transtornada do meliante, enquanto do outro lado da loja, no momento em que tudo isso ocorria, outros Super-Heróis surgiram para contrariar o ato criminoso. Segundo o Homem-Aranha "Havia 50 pessoas dentro da loja e eu apenas gritei para alguém proteger a entrada principal, então aconteceu que dois cavaleiros Jedi estavam lá com seus sabres de luz para segurar a porta até a polícia chegar". Veja bem, “dois cavaleiros Jedi (...) com seus sabres de luz”. Que magnífico, que impressionante, o heroísmo não tem mesmo fronteiras; seja vindo da Terra ou do espaço, das galáxias mais distantes, o heroísmo encontra seus pares e se projeta contra o inimigo.

Mas olhe só para você, amigo leitor, eu sei, eu entendo, você também não acreditava que eles existiam, “Coisa de filme de ficção científica”, você costumava dizer. Costumava, por que agora sabe que eles são reais. Dois cavaleiros Jedi usaram seus sabres de luz para manter as portas do estabelecimento fechadas. Heróis pensam rápido, meu amigo! Entretanto, isso não foi tudo, nem foram esses os únicos super-heróis a se manifestarem. Não, não, não. Um colega do dono da loja, vestido de Flash, correu sem parar pela loja toda, feito um raio de luz, durante todo o tempo do ocorrido, se mantendo, nessa atitude, completamente calmo, segundo o dono da loja. O motivo dessa correria é obvio: isso foi um plano friamente arquitetado por Flash para confundir o meliante, que enquanto pensava “O que esse imbecil ridículo tá fazendo correndo de um lado para o outro”, o Homem-Aranha pôde se aproximar, sem mais riscos, e sorrateiramente do marginal distraído. Enfim, usando as palavras sábias do próprio Baulderstone, que como já disse é a identidade secreta desse Homem-Aranha, “Foi um verdadeiro esforço de equipe".

Confesso a todos vocês que me sinto bem mais tranquilo agora que sei que tem quem vele por nós. E da próxima vez que você ver um homem escalando a fachada de um prédio ou correndo desembestadamente de um lado para o outro da rua, ou ainda com sabre de luz empunhado, lembre-se que pode se tratar do Homem-Aranha na fachada, do Flash na rua, e de um cavaleiro Jedi, realizando algum plano vital para a sobrevivência da humanidade.




Fonte de reportagem: Terra
Imagem: Homem-Aranha (símbolo)
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* "Mã" é abreviação de "macho". Forma muito usada entre garotos da periferia de Fortaleza.
** "Beísso, mã?!" é uma forma abreviada de dizer "Que diabo é isso, macho?!".

4 comentários :

  1. Fiquei super triste com sua saida do cronópios ! Enfim , tenho a chance de vir aqui ler seus formidáveis textos ! Não entendi nada os comentários[sobre cigarro] feito por outros cronopianos ! Estranhíssimo !!! Como é a vida...... sylvia Abraços

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  2. Obrigado pelo carinho, Sylvia. Eu já me despedi de lá. Um abraço!

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  3. Lial, adorei a narrativa, divertidíssima, criativa, encantadora, as notas de roda pé então...rsrsrs!
    Acho você genial, sabia?!
    Beijão.
    eu.

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  4. Tão gentil, você, Marcia. Mas já está seguindo meu blog ou está só me enrolando? Tô te lendo...

    Um beijo!

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