“É Natal, é Natal, noite de Natal” e não sei, e não sei o que tem mais lá... Desculpem, não sei a letra, mas acredito que algum de vocês saiba. Tudo bem, não precisa mandar a letra para mim, Se você a sabe cante para seus amigos – se for afinado; se não, cante para você mesmo e poupe-os. Não é que eu tenha algo contra cantar essa música – que cante! –, é que não vim aqui falar sobre ela. Comecei com ela só para... para começar; tinha que começar por algum lugar, não é?! Quero falar de outra coisa.
O Natal é uma data curiosa. Não importa se você tem fé ou não, se você gosta do Natal ou não, se adora a Deus ou ao chifrudinho da mamãe – “chifrudinho da mamãe”; tem horas que eu não me caibo; desculpe seu diabo! –, não importa, essa época sempre provoca algo diferente nas pessoas, seja alegria, paz, ou repugnância (alguns detestam o Natal a ponto de repugná-lo). Esses sentimentos são naturais, todos eles; vivemos desde bebês – “coisinhafofinhadamamãe!” – presenciando natais e seus vermelhos, suas estrelas, suas árvores verdes ou secas (no nordeste do Brasil usam algumas vezes árvores secas, para serem mais coerentes com a realidade do clima da região), suas bolas coloridas, vendo senhores de idade, ou nem tanto, com barbas postiças, roupa vermelha e Houhouhous a cada trinta segundos, além dos presentes: os presentes; esperados, desejados, adorados e motivo de ira profunda e revoltas estomacais se eles não vêm. É difícil não sentir algo diferente às voltas com o dia vinte e cinco de dezembro, com tantos natalinos por todos os lados, com propagandas na TV e em casa, com outdoors sedutores, “É natal, compre sua panetonezeira Panetone Speed Power-Full, autolimpante, copo retrátil, e com trinta e cinco velocidades, quase de graça! Venha antes que acabe!”, com sorrisos natalinos de mamãe Noel, filmes no cinema e na TV sobre a qüinquagésima milionésima septuagésima terceira versão do nascimento de Cristo. É difícil, é difícil não sentir o Natal. Se isso é bom ou ruim, depende do que sente cada um.
Algumas pessoas, como falei acima, detestam o Natal, e têm seus motivos, suas razões: esses comerciais todos, esses sorrisos forçados, essa obrigação de presentear – no meio de uma crise mundial dessas? –, o “Feliz Natal, meu irmão!” daquele que não lhe dirigiu a palavra durante o ano todo, os religiosos alisando o seu braço, “Que Jesus te ilumine, meu filho!”, e as crianças pedindo presentes todas vez que você coloca os pés em casa, “Papai papai, mamãe mamãe, cadê meu presente, cadê meu presente? Vai me dar só à meia-noite?”. Não é fácil gostar, eu entendo; transformaram uma época que poderia ser um momento de harmonia e trégua nas desavenças no maior pico comercial do ano. Mas há também os que não gostam, simplesmente, por que são ateus, ou por que não se interessam pelo Natal. Cada um tem seus motivos.
Na outra margem do rio existem aqueles que adoram o Natal, e o engraçado é que, normalmente, é pelos mesmos motivos daqueles que não gostam; ou seja, um efeito reverso. Esses gostam das luzes piscando insistentemente diante seus olhos, “Estou aqui, estou aqui, me vê?”, gostam de dar e receber presentes, gostam dos filhos pedindo presentes – acreditem! –, dos votos de Bom Natal, choram com os comerciais da Coca-Cola, assistem a todas as versões do nascimento do filho do Homem, abraçam aqueles que nunca falaram com eles durante o ano – é tempo de perdoar! – e amam a todos e a tudo. Esses gostam do Natal, são felizes assim; e não é isso que devemos buscar, a nossa felicidade, desde que ela não atrapalhe a do outro? É claro que o comércio se aproveita desses para atingirem suas cotas de vendas, e por eles existirem o comercio do Natal existe, mas se você não gosta do Natal não precisa participar, deixe os que gostam viverem seu momento.
Para encerrar, que já fomos longe demais, recentemente as crianças, filhas e amparadas pela tecnologia – desde que não tenham uma vida economicamente miserável, o que, infelizmente, ainda existe aos montes, e sem Natal – têm um novo motivo para acreditar em Papai Noel, um cientista da North Carolina State University, Raleigh concluiu que o Papai Noel e seus elfos provavelmente dispõem de “conhecimentos avançados em ondas eletromagnéticas, do contínuo espaço-temporal, nanotecnologia, engenharia genética e ciências da computação”, o que faz com que esse papai consiga entregar tantos presentes em tão pouco tempo e viajar o mundo todo numa noite. Portanto, se o velhinho não aparecer na sua porta dos fundos, caso você não tenha uma chaminé, a culpa é sua; quem mandou não se comportar bem durante o ano?!
Enfim, o importante é “viver e não ter a vergonha de ser feliz...”, por que, crentes ou não, essa “é a vida, e é bonita, e é bonita”, concorda Gonzaguinha?
Pintura: Caravaggio, Adorazione dei pastori, 1608.
Sou daqueles que odeia o Natal pela falta de seu real significado atualmente. Significado este que sequer sei; mas sei bem o que não é.
ResponderExcluirNatal tem sido tempo mais de frivolidades e superficialidades do que, propriamente, de sinceridades. Isso me tira do sério.
Prezado amigo = Agradeço sua lembrança de enviar-me seu novo endereço proporcionando-me o prazer de ler o significativo texto sobre o Natal visto e sentido sem a pieguice em que foi transformado pela midia em consumismo desenfreado e, assumido e ampliado ao longo do tempo, por uma massa ignara que comete um dos sete pecados capitais - a Gula estimulada à "glutanice" desenfreada – aliada às mais variadas libações alcoólicas,quando não aceleradas pelas drogas,tudo na maior contradição com o espírito da data do aniversariante,completamente esquecido e substituído pela figura lúdica do Papai Noel (alhures conhecido como St.Nicholas etc).
ResponderExcluirGostei de visitar seu Blog que inclui nos meus Favoritos. Abraços e trate de comemorar à sua maneira, pois o tempo é muito veloz e eu que diga com a verdade dos meus 81 anos caminhando para os 82 e quem sabe até quando... .
*Comentário do meu amigo Adolpho Quixadá enviado ao meu e-mail.
Êba! Depois de muito pelejar, consegui acessar o teu blog.
ResponderExcluirBjinhos
Ariane
Muito bom. parabéns e ...feliz natal com muita paz, sagacidade e criatividade em 2009.
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