Será julgado no dia trinta e um deste mês de dezembro o intrépido jornalista iraquiano, Muntazer al-Zaidi, atirador de sapatos que tentou acertar a cabeça do ainda presidente estado-unidense, George W. Bush. Que coisa horrível, que sacanagem, não concordam? Como é que ele fez aquilo, jogar dois sapatos na cabeça de um chefe de estado, como é que aquele mão torta errou? Como ele pode cometer uma atrocidade daquelas, errar aquela cabeça? Joga-se dois sapatos e erra-se os dois?! O que há na cabeça do Bushizinho que a torna tão difícil de acertar? Quantas pessoas no mundo não estariam felizes agora se o mão tangencial tivesse acertado o alvo! A vida é assim, nem sempre se consegue um bom motivo pra sorrir. O pior é que agora já pode não haver mais tempo para outro tentar concertar o erro deste; o presidente já vai embora e ninguém mais poderá acertar o sapato que o outro, tão irresponsavelmente, errou. Já imaginaram se aqueles sapatos acertam?
― Está tudo bem, senhor presidente?
― Está tudo bem, nem doeu, ai ai! Talvez um pouco!
― Senhor presidente, sua face presidencial está ficando roxa.
― É mesmo? Poxa vida, por que aquele idiota fez isso, eu sou um exterminador de oriental-medianos tão eficiente, sou tão bom.
― É verdade, senhor, tem gente que não sabe reconhecer.
Teria sido hilariante, mas c’est La vie!
Eu também soube que um egípcio ofereceu sua filha para casamento com o iraquiano atirador, e a moça, não pensem vocês que desgostou da idéia, penando coisas do tipo, “Essa sociedade machista, não pode ver um atiradorzinho de sapatos que vai logo oferecendo a gente”, não, não, não, nada disso, Amal Saad, a ofertada, confirmou que aceitava, dizendo “seria uma honra. Eu gostaria de viver no Iraque, especialmente se eu tivesse ligada a este herói". E antes que pensem “Deve ser uma pobre coitada, analfabeta, sem cultura”, ela é estudante de mídia na faculdade Mynia, no Egito. O pai também não é pobre, disse ao irmão do atirador que estava pronto para pagar o casamento, deixando claro que oferecia a filha por que era o que tinha de mais valioso. Em resposta a oferta, disse a Reuters, que o jogador de sapatos não foi claro.
Procurei saber qual foi o resultado do julgamento, mas não encontrei resposta. Agora só nos resta torcer para o mão torta não sofrer muito pela sua cegueira. Mas tenho que confessar algo a vocês: algo me diz que o motivo do jornalista errar o lançamento dos dois sapatos foi o chulé, talvez não suportou o seu próprio cheiro no momento em que levantou os sapatos a altura do rosto para lançá-los, e, inebriado, errou o alvo. O rapaz deve ter passado horas esperando a hora certa para o seu momento olímpico e isso deve ter provocado algum efeito nos seus “pisantes”, como diria um garoto que conheci uma vez. Paciência!
Esqueçamos isso, vamos embora, é fim de ano e tenho ainda que lavar meus pés.
Pintura: Renè Magritte, O modelo vermelho,1953.
Uma crônica comhumor fino: o essencial desse modelo textual. Você conseguiu prender a leitura até o fim, meu caro.Isto é bom. E foi mesmo uma pena ele ter errado o alvo. Eu so um dos que queria que ele acertasse o Bushinho.
ResponderExcluirAbraço forte, Lial.
Continuemos...
Viu só, foi excesso de otimismo por parte dele. Se pensasse no pior, acertaria! Ainda acho que ele pensou "positivo" antes de jogar kkkk É o tipo de ato fracassado que depois tem que dizer: "foi só brincadeirinha" rss
ResponderExcluirFicou muito legal este texto, o segundo parágrafo, beeem interessante. Queria eu receber ofertas "valiosas" como ele recebeu, aqui no Brasil, mas acho que iam confundir com tráfico de mulheres, né? E se fosse uma "poposuda", o alarde seria ainda maior! rss Melhor deixar quieto, então, assim não tenho que treinar para acertar nenhuma personalidade importada.
Um abraço.
Marcelo.
É, meu querido, ninguém nunca me ofereceu uma mulher de presente; também nunca atirei nada em gente famosa.
ResponderExcluirObrigado por vir aqui mais uma vez, gostei que tenha gostado.
Um abraço!