11/03/2013

março 11, 2013
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... Daí percebi que,
aos poucos,
partia,
dissimulada, calada.

Cada dia mais longe,
cada dia menos luz,
já não me via.
Naquele tempo,
nada além de sua frágil silhueta
existia-lhe -
falsa e turva.

E não amava nada,
nem a ninguém.
A si, não amava,
mas não sabia.

Perdida, julgava-se forte,
mas
a fragilidade com que mantinha suas ideias,
denunciavam sua miséria,
a forma como baixava a cabeça
expunha suas telhas soltas.

Sim, perdia-se -
do mundo,
de mim,
de si mesma.

Abraçava nuvens
tão frágeis quanto
sua sinceridade
para consigo.

Vagava quase inexistente
entre amigos que
teimavam no medo
de lhe dizer a verdade:
que sumia,
que morria o sorriso,
que esfriava o sangue.

Alimentando-se do desabitado,
do ermo, do despovoado,
frívola,
expôs o oco que digeria sua alma.

E partiu.
Um dia já não vi seu rosto,
sua silhueta,
já não senti seu cheiro.

Com o tempo já não senti sua falta,
sua ausência,
sua história,
memória,
passado,
resquício,
fragmento.

Com o tempo
ela nunca existiu.



In: Lial, William. Por detrás da porta, 2013.
Imagem: Shahrad Malek Fazeli, Sem título,1999. (Pintor iraniano que possui um trabalho realista semelhante ao de Iman Maleki, também iraniano).

16 comentários :

  1. Márcia Barbierimarço 11, 2013 2:27 PM

    Lindo poema sobre partidas e ausências... Parabéns!!!!

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  2. Obrigada por fornecer uma leitura bela!!! =)
    Beijos!!!

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  3. As vezes as pessoas tornam-se uma virada na esquina. Triste e belo!

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  4. Tornam-se mesmo, Lisa. Obrigado pela visita!

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  5. Caro William:

    Passo para ler e deixar um abraço,

    Jorge Elias

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  6. Eu sempre fico me perguntando de onde veio a inspiração para suas obras!

    Abraço1

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  7. Obrigado, meu amigo, pela visita.

    Eu explico minha inspiração na nossa próxima cerveja... ou não, rs!

    Abraço!

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  8. ...traigo
    ecos
    de
    la
    tarde
    callada
    en
    la
    mano
    y
    una
    vela
    de
    mi
    corazón
    para
    invitarte
    y
    darte
    este
    alma
    que
    viene
    para
    compartir
    contigo
    tu
    bello
    blog
    con
    un
    ramillete
    de
    oro
    y
    claveles
    dentro...


    desde mis
    HORAS ROTAS
    Y AULA DE PAZ


    COMPARTIENDO ILUSION
    WILLIAN LEAL


    CON saludos de la luna al
    reflejarse en el mar de la
    poesía...




    ESPERO SEAN DE VUESTRO AGRADO EL POST POETIZADO DE DJANGO, MASTER AND COMMANDER, LEYENDAS DE PASIÓN, BAILANDO CON LOBOS, THE ARTIST, TITANIC…

    José
    Ramón...


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  9. Obrigado por seu belo poema, José Ramón.

    Fico muito feliz que tenha gostado de vir aqui.

    Visitarei seu blog, com certeza!

    Gracias por su visita y su hermoso poema!

    Un abrazo!

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  10. De tirar o fôlego. Lindo mesmo. Imposs'ivel dizer a razão.

    Parabéns!

    Um abraço,

    Cybèle

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  11. Obrigado, Cybèle.

    Você foi muito generosa no elogio, rs. E fico muito feliz que o poema tenha lhe causado alguma emoção.

    Um abraço!

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  12. Não fui generosa, não. Fui sincera. Para mim vc deu forma a um medo muito feminino, o medo do vazio. Pelo menos foi assim que senti.
    Hà uma beleza de observação que é o q tenho admirado no que tenho lido por aqui, aonde venho dar umas voltinhas de vez em quando rs...

    Gostei de verdade!

    Um abraço,

    Cybèle

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  13. Obrigado, Cybèle! É muito bom ter suas visitas e seus comentários.

    Um abraço!

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