Esquiva
... Daí percebi que,
aos poucos,
partia,
dissimulada, calada.
Cada dia mais longe,
cada dia menos luz,
já não me via.
Naquele tempo,
nada além de sua frágil silhueta
existia-lhe -
falsa e turva.
E não amava nada,
nem a ninguém.
A si, não amava,
mas não sabia.
Perdida, julgava-se forte,
mas
a fragilidade com que mantinha suas ideias,
denunciavam sua miséria,
a forma como baixava a cabeça
expunha suas telhas soltas.
Sim, perdia-se -
do mundo,
de mim,
de si mesma.
Abraçava nuvens
tão frágeis quanto
sua sinceridade
para consigo.
Vagava quase inexistente
entre amigos que
teimavam no medo
de lhe dizer a verdade:
que sumia,
que morria o sorriso,
que esfriava o sangue.
Alimentando-se do desabitado,
do ermo, do despovoado,
frívola,
expôs o oco que digeria sua alma.
E partiu.
Um dia já não vi seu rosto,
sua silhueta,
já não senti seu cheiro.
Com o tempo já não senti sua falta,
sua ausência,
sua história,
memória,
passado,
resquício,
fragmento.
Com o tempo
ela nunca existiu.
In: Lial, William. Por detrás da porta, 2013.
Imagem: Shahrad Malek Fazeli, Sem título,1999. (Pintor iraniano que possui um trabalho realista semelhante ao de Iman Maleki, também iraniano).
Lindo poema sobre partidas e ausências... Parabéns!!!!
ResponderExcluirObrigada por fornecer uma leitura bela!!! =)
ResponderExcluirBeijos!!!
Obrigado, Márcia!
ResponderExcluirObrigado, Aline!
ResponderExcluirUm beijo!
As vezes as pessoas tornam-se uma virada na esquina. Triste e belo!
ResponderExcluirTornam-se mesmo, Lisa. Obrigado pela visita!
ResponderExcluirCaro William:
ResponderExcluirPasso para ler e deixar um abraço,
Jorge Elias
Obrigado, Jorge!
ResponderExcluirUm abraço!
Eu sempre fico me perguntando de onde veio a inspiração para suas obras!
ResponderExcluirAbraço1
Obrigado, meu amigo, pela visita.
ResponderExcluirEu explico minha inspiração na nossa próxima cerveja... ou não, rs!
Abraço!
...traigo
ResponderExcluirecos
de
la
tarde
callada
en
la
mano
y
una
vela
de
mi
corazón
para
invitarte
y
darte
este
alma
que
viene
para
compartir
contigo
tu
bello
blog
con
un
ramillete
de
oro
y
claveles
dentro...
desde mis
HORAS ROTAS
Y AULA DE PAZ
COMPARTIENDO ILUSION
WILLIAN LEAL
CON saludos de la luna al
reflejarse en el mar de la
poesía...
ESPERO SEAN DE VUESTRO AGRADO EL POST POETIZADO DE DJANGO, MASTER AND COMMANDER, LEYENDAS DE PASIÓN, BAILANDO CON LOBOS, THE ARTIST, TITANIC…
José
Ramón...
Obrigado por seu belo poema, José Ramón.
ResponderExcluirFico muito feliz que tenha gostado de vir aqui.
Visitarei seu blog, com certeza!
Gracias por su visita y su hermoso poema!
Un abrazo!
De tirar o fôlego. Lindo mesmo. Imposs'ivel dizer a razão.
ResponderExcluirParabéns!
Um abraço,
Cybèle
Obrigado, Cybèle.
ResponderExcluirVocê foi muito generosa no elogio, rs. E fico muito feliz que o poema tenha lhe causado alguma emoção.
Um abraço!
Não fui generosa, não. Fui sincera. Para mim vc deu forma a um medo muito feminino, o medo do vazio. Pelo menos foi assim que senti.
ResponderExcluirHà uma beleza de observação que é o q tenho admirado no que tenho lido por aqui, aonde venho dar umas voltinhas de vez em quando rs...
Gostei de verdade!
Um abraço,
Cybèle
Obrigado, Cybèle! É muito bom ter suas visitas e seus comentários.
ResponderExcluirUm abraço!