a rua dormia.
Frio como os mortos,
o asfalto se calava.
As paredes, silenciosas,
espiavam aqueles que não passavam.
O mundo parecia dormir;
menos a árvore ao fim da rua;
menos o vento que paquerava a árvore
queda à direita,
indignada com ele,
insistente em a conquistar.
Queda, a árvore,
a procura de compartilhar
do silêncio da rua,
imberbe no breu do sigilo,
imberbe no medo de despertar
os pássaros, sobre e entre ela,
que despertariam aqueles que dormem
ao abrigo de suas paredes,
que viriam a ela,
no meio da noite,
gritar ofensas
e criticarem sua falta de humanidade
para com os homens que dormem.
Ela que teme os homens
mais do que teme os cupins.
In: Lial, William. O mundo de vidro. Fortaleza: Imprece, 2005. p. 78.
Imagem: Vincent Van Gogh, Wind-Beaten Tree, 1883.
Admiro os escritores que também são poetas! Abraço!
ResponderExcluirBruna
Que lindo, William!
ResponderExcluirObrigado, Bruna! rs!
ResponderExcluirAbraço!
Obrigado, Vanessa. Você é muito gentil!
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