A Lápide
Ontem avistei brumas negras
debruçando-se sobre a lápide fria
do último imperador
do meu mundo perfeito.
Vi bailarinos irônicos
e madonas cantoras
a esbofetearem o ar
com suas vozes vibrantes,
numa grande récita de humor negro.
Senti seus perfumes lascivos
exalados dos seus seios e quadris
de curvas exageradas;
antes de ler, escrito na lápide
que me bateu na cara
como um alfarrábio esquecido,
o meu nome sujo e frio.
Pintura: Casper David Friedrich (1774-1840), Cemitério do convento coberto de neve (Klosterfriedhof im Schnee), 1817-1819.
In: Lial, William. O mundo de vidro. Fortaleza: Imprece, 2005. p. 66.
Perfeito.
ResponderExcluirNão canso de ler. A sensação é que fui eu que escrevi, tamanha a minha identificação com esse poema.
Arlene, sempre gosto muito quando alguém que me ler tem essa sensação de posse, de identificação com um texto meu.
ResponderExcluirÉ bom se identificar com um texto assim, e como você tem o livro em casa com esse poema, pode tê-lo à mão quando quiser.